Portugal pode orgulhar-se de ter no seu território o maior grupo económico familiar do setor agroalimentar e um dos maiores da Europa – o Grupo Valouro. A história do grupo remonta a 1875 com uma empresa de comercialização de aves lançada por Manuel dos Santos. A gestão do Grupo Valouro é agora assumida por José António e António José dos Santos, os sobrinhos-netos de Manuel dos Santos que, com menos de 20 anos de idade, revolucionaram o negócio do tio-avô com ideias inovadoras e um olhar atento a cada oportunidade.
A alma deste negócio está… na Marteleira
Estávamos em plena década de 50 quando os irmãos gémeos José António e António José dos Santos chegaram da Marteleira, na Lourinhã, a Lisboa, para ingressar na antiga Escola Industrial Afonso Domingues, em Marvila. Hospedados em casa de um familiar, Manuel dos Santos, que detinha o negócio de comercialização de aves da família, em funcionamento desde 1875, os irmãos logo se apressaram a ajudar o tio-avô na venda de aves no balcão do então Mercado da Praça da Figueira. Os frangos e os perus entraram no dia a dia dos irmãos gémeos que não demoraram muito tempo a ter as primeiras grandes ideias e a identificar as melhores oportunidades para o crescimento do negócio que iria ocupar o resto das suas vidas.
Uma destas grandes oportunidades surge em 1966, quando a família Santos participa num concurso para abastecer o exército português de aves e sai vencedora, o que leva à abertura, nesse mesmo ano, da Granja do Oeste, o primeiro centro de abate de aves da futura empresa (e segundo matadouro de aves privado instalado na Península Ibérica). Pouco tempo depois, e demonstrando já uma constante preocupação com a inovação e a busca por tecnologias de ponta, o segundo matadouro que a família abriria seria já construído com aço inoxidável, um material que ainda era pouco utilizado em Portugal, mas que veio revolucionar a higiene, a segurança e a qualidade alimentares. Chegado o ano de 1974, o negócio começava a derivar para outras áreas e os irmãos gémeos, juntamente com os seus dois irmãos mais velhos e o primo, decidem constituir uma sociedade no dia 25 de abril. Dirigem-se ao cartório da Lourinhã pelas 9h, hora em que já se ouvia falar da revolução que estava a acontecer em Lisboa… e é neste memorável dia que nasce a Persuínos, empresa que deu depois origem à Avibom, posteriormente à Rações Valouro e por fim ao Grupo Valouro. A partir desta data, dá-se um verdadeiro momento de viragem da empresa, através da modernização de técnicas, de meios e de ramos do negócio.
Em 1978, com o objetivo de garantir a qualidade da alimentação das aves, nasce a primeira fábrica de rações do grupo na terra natal dos irmãos gémeos, na Marteleira, Lourinhã, localidade onde se concentra a sede da maioria das empresas do Grupo, e que deu origem ao nome Valouro, um “vale de ouro” com uma riqueza natural extrema que reunia as condições perfeitas para a produção das rações. Posteriormente, o grupo abre uma segunda fábrica de rações no Ramalhal, em Torres Vedras, servido por caminho de ferro, o que lhe veio proporcionar uma competitividade no caminho das rações. A Rações Valouro tm soluções nutricionais para a alimentação animal no fabrico e comercialização de pré-misturas e alimentos compostos para frangos, frango do campo, perus, patos, codornizes, galinhas reprodutoras, galinhas poedeiras, bovinos de leite e de engorda, ovinos, suínos, roedores e outras espécies.
Dois voos bem altos para frangos, patos e perus
Após finalizar estes importantes passos, chega o momento, em 1986, de verticalizar a atividade do grupo, avançando para a produção de ovos para incubação e pintos do dia através da criação da Sociedade Agrícola Quinta Freiria, no contexto da qual nasce a marca Pinto Valouro, que produz hoje três milhões de pintos do dia e cerca de 70 mil patos e 70 mil perus por semana. Nesta quinta, situada no Bombarral, para além da produção animal que inclui a multiplicação avícola (frangos, patos e perus) e a produção de carne de aves, o grupo desenvolve também a produção agrícola e florestal. Já o processo de incubação, engorda e abate de codornizes é assegurado por outra empresa do Grupo, a Interaves, situada em Alenquer, que produz cerca de 250 mil codornizes por semana, entre outras aves e carnes de aves, sendo este um dos principais focos das exportações do Grupo. Do centro de incubação, os pintos do dia seguem o caminho direto do mercado ou dos pavilhões de engorda, onde permanecem durante cinco a sete semanas até atingirem o peso recomendado para o mercado. A Sociedade Agrícola Quinta Freiria recebeu os selos da certificação na fileira de patos e de frangos, comprovando assim o cumprimento dos requisitos de biossegurança, ambientais e de bem-estar animal.
Passados 14 anos, surge a oportunidade de implementar um sistema integrado agropecuário na Herdade da Daroeira, em Santiago do Cacém, que é hoje uma das maiores unidades de produção avícola, agrícola e industrial da União Europeia, onde são desenvolvidas atividades agrícolas e criados mais de 15 milhões de frangos por ano, para além de outros negócios visionários da empresa, como o Freitifreiria, a produção de fertilizantes orgânicos naturais esterilizados a partir da unidade de compostagem situada nesta herdade. Neste complexo agroindustrial existe também uma unidade de fabrico de rações que se destina à alimentação destes animais que, por sua vez, absorve a produção anual de milho – cerca 15 mil toneladas – que o Grupo Valouro diretamente produz nesta herdade. Mas são precisas mais 15 mil toneladas de milho para responder às necessidades alimentares deste parque avícola. Na mesma década de 90, o Grupo adquire ainda uma marca que vem potenciar uma área específica do negócio, a Kilom, para além de ser um excelente exemplo do esforço de modernização e de crescimento que o Grupo promove em todas as empresas. A Kilom oferece aos consumidores soluções diversificadas e abrangentes de produtos que vão desde os tradicionais cortes de frango e charcutaria de aves, passando pelos úteis e sempre disponíveis pré-cozinhados, até aos cómodos e deliciosos produtos pronto-a-comer.
Fonte: http://empresasmais.pt/online/as-aves-portuguesas-que-valem-ouro/